Organizações Indígenas e o EZLN criam a cátedra “Tata Juan Chávez Alonso” no primeiro aniversário de sua ausência
Somos os índios que somos, somos povos, somos índios. Queremos seguir sendo os índios que somos; queremos seguir sendo os povos que somos; queremos seguir falando a língua que nos falamos; queremos seguir pensando a palavra que pensamos; queremos seguir sonhando os sonhos que sonhamos; queremos seguir amando os amores que nos damos; queremos ser já o que somos; queremos já nosso lugar; queremos já nossa história, queremos já a verdade. Juan Chávez Alonso. Palavras no Congresso da União, Março de 2001. México.
Irmãos e irmãs:
Companheiras e companheiros:
Esta é a palavra de um grupo de organizações indígenas, povos originários e do EZLN. Com ela queremos trazer ao nosso lado a memória de um companheiro.
A um ano da sua ausência, com sua recordação como companhia, damos um passo mais na larga luta por nosso lugar no mundo.
Juan Chávez Alonso é seu nome.
Do seu passo fomos e somos caminho.
Com ele, o purépecha fez-se caminhante dos povos que deram origem e sustentam estas terras.
Tata foi, e é, das pontes que com outros levantamos para ver-nos e reconhecer-nos no que somos e em onde somos.
Seu coração foi e é o alto assento desde onde os povos originários do México olhamos ainda que não sejamos olhados, falamos ainda que não sejamos escutados, e resistimos, que é como nós caminhamos a vida.
Seu passo e sua palavra buscaram sempre fazer eco e voz elevada das dores e humilhações do México do porão.
O Congresso Nacional Indígena é uma das grandes casas que suas mãos ajudaram a construir.
A luta pelo reconhecimento dos direitos e a cultura indígena tem nele, na sua memória, razão e motor para perseverar.
Longe do pêsame passageiro e do rápido esquecimento frente a sua ausência, um grupo de organizações e povos originários buscamos a forma de alargar seu passo conosco, de levantar sua voz com a nossa, de aumentar o coração que com ele somos.
Nós, o coletivo cor da terra que somos, acordamos em nossos coração e pensamento, levantar, junto com o nome e história deste irmão e companheiro, um espaço em que seja escutada, sem intermediários, a palavra dos povos originários do México e do Continente que chamam “americano”.
E pensamos nomear este espaço como “Cátedra Tata Juan Chávez Alonso”, para sublinhar o muito que têm para ensinar nossos povos originários nos calendários de dor que sacodem todas as geografias do mundo. Aqui poderemos escutar as lições de dignidade e resistência dos povos originários da América.
Pensada como um esforço de continuação do Primeiro Encontro de Povos Indígenas da América, celebrado no mês de Outubro de 2007 em Vicam, Sonora, no território da Tribo Yaqui, a cátedra “Tata Juan Chávez Alonso” celebrará suas sessões em distintos pontos da América originária em todo o continente, conforme a geografia e o calendário que vão acordando quem convocar e quem aderir em sua oportunidade.
Seu objetivo não é outro que levantar uma tribuna na qual os povos originários do continente sejam escutados por quem tenha ouvido atento e respeitoso para sua palavra, sua história e sua luta de resistência.
Organizações indígenas, representantes e delegados dos povos, comunidades e bairros originários, serão quem tomarão a palavra.
Como inauguração dessa tribuna, se realizará a
México, Junho 2 de 2013
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Escuta e veja os vídeos que acompanham este texto:
Em memória de Don Juan Chávez Alonso. Realizado pela Cooperativa de Condimentos para a Ação Cinematográfica.
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O Comandante Guillermo, apresenta a Don Juan Chávez Alonso no Festival da Digna Raiva, na CIDECI, San Cristóbal de Las Casas, Chiapas, México.
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Baile tradicional “Os velhinhos”, interpretam moradores da Casa do Estudante Lênin, de Michoacán, México.
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Traducción de Patricia de Brasil
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