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Palabra del Ejército Zapatista de Liberación Nacional

Abr302013

ELES E NÓS VII. – @s mais pequen@s 7 e último. Dúvidas, sombras e um resumo em uma palavra.

 

 

ELES E NÓS

VII. – @s mais pequen@s 7 e último.

7.- Dúvidas, sombras e um resumo em uma palavra

Março de 2013

 

As dúvidas.

Se depois de ler os fragmentos da palavra das companheiras e companheiros do EZLN, você ainda sustenta que os indígenas zapatistas são manipulados pela mente perversa do supmarcos (e agora também do subcomandante insurgente Moisés) e que nada mudou no território zapatista desde 1994, então você não tem remédio.

Não lhe recomendamos que desligue a televisão, ou que deixe de repetir o que a intelectualidade diz a seus paroquianos, porque sua mente ficaria em branco. Siga acreditando que a recente lei de telecomunicações vai democratizar a informação, que elevará a qualidade da programação, e que melhorará o serviço de telefonia celular.

Mas se você pensasse assim, nem sequer haveria chegado até esta parte da saga “Eles e Nós”, assim que, é uma suposição, digamos que você é uma pessoa com um coeficiente intelectual médio e uma cultura progressista. Com essas características é muito provável que você pratique a dúvida metodológica frente a tudo, assim que seria lógico supor que duvide do que leu aqui. E duvidar não é algo condenável, é um dos exercícios intelectuais mais sãos (e mais esquecidos) na humanidade. E mais quando se trata de um movimento como o zapatista ou neo-zapatista, sobre o qual se disseram tantas coisas (a maior parte sem sequer haver se aproximado ao que somos).

Deixemos de lado um fato, que foi constatado até pelos grandes meios de comunicação: dezenas de milhares de indígenas zapatista tomando, de forma simultânea, 5 cidades no sul-oriente do estado mexicano de Chiapas.

Ainda, já entrando nas dúvidas, se nada mudou nas comunidades zapatistas, por que seguem crescendo? Não disseram todos que era algo do passado, que os erros do ezetaelene (ok, ok, ok, de marcos) custaram-lhe sua existência (“mediática”, mas isso não lhe disseram)? Não havia debandado a direção zapatista? Não havia desaparecido o EZLN e dele só restava a firme memória de quem, fora de Chiapas, sentem e sabem que a luta não é algo sujeito aos vai-e-vem da moda?

Ok, evitemos esse fato (o ezetaelene cresceu exponencialmente nestes tempos em que não estava de moda) e abandonemos o intento de lançar essas dúvidas (que somente servirão para que seus comentários nos artigos da imprensa nacional sejam editados ou que sejam banidos “para sempre”).

Retomemos a dúvida metodológica:

E se essas palavras que apareceram nestas páginas como de homens e mulheres zapatistas, na realidade, são autoria de Marcos?

Quer dizer, e se Marcos simulou que eram outr@s que falavam e sentiam essas palavras?

E se essas escolas autônomas na realidade não existem?

E se os hospitais, e as clínicas, e a prestação de contas, e as mulheres indígenas com cargos, e a terra cultivada, e a força aérea zapatista, e…?

Sério: e se nada do que dizem essas indígenas, esses indígenas, existe realmente?

Resumindo: e se não é nada mais que uma monumental mentira, levantada por marcos (e Moisés, já que nessas estamos) para consolar com quimeras às/aos esquerdistas (suj@s, fei@s, maus, irreverentes, não o esqueçam) que nunca faltam e que sempre são uns quantos, poucos, pouquíssimos, uma minoria desprezível? E se o supmarcos inventou tudo isso?

Não seria bom confrontar essas dúvidas e seu são ceticismo com a realidade?

E se fosse possível que você visse diretamente essas escolas, essas clínicas e hospitais, esses projetos, essas mulheres e esses homens?

E se você pudesse escutar diretamente a esses homens e mulheres, mexican@s, indígenas, zapatistas, esforçando-se por falar em espanhol e explicando-lhe, contando suas histórias, não para lhe convencer ou para lhe recrutar, somente para que você entenda que o mundo é grande e têm muitos mundos no seu interior?

E se você pudesse concentrar-se somente em ver e escutar, sem falar, sem opinar?

Você aceitaria esse objetivo ou seguiria no refúgio do ceticismo, esse sólido e magnífico castelo das razões para nada fazer?

Solicitaria ser convidado e aceitaria o convite?

Você assistiria a uma escolinha na qual as professoras e os professores são indígenas cuja língua materna está tipificada como “dialeto”?

Aguentaria a vontade de estudá-l@s como objeto da antropologia, psicologia, direito, esoterismo, historiografia, de fazer uma reportagem, uma entrevista, de dizer-lhes sua opinião, de dar-lhes conselhos, ordens?

Iria olhar-l@s, é dizer, iria escutar-l@s?

As sombras.

Ao lado desta luz que agora brilha, não se nota a forma irregular das sombras que a fizeram possível. Porque outros dois paradoxos do zapatismo é que não é a luz que produz as sombras, sim são destas das quais a luz nasce.

Mulheres e homens de rincões distantes e próximos em todo o planeta tornaram possível não somente o que se vai a mostrar, também enriqueceram com seus olhares o andar destes homens e mulheres, indígenas e zapatistas, que agora levantam de novo a bandeira de uma vida digna.

Indivíduos, indivíduas, grupos, coletivos, organizações de todo tipo, e em diferente nível, contribuíram a que este pequeno passo d@s menores se realizasse.

Dos 5 continentes chegaram os olhares que, desde abaixo e à esquerda, ofereceram respeito e apoio. E com estas duas coisas não somente levantaram-se escolas e hospitais, também se levantou o coração indígena zapatista que, assim, apareceu a todos os rincões do mundo através dessas janelas irmãs.

Se existe um lugar cosmopolita em terras mexicanas, tal vez o seja a terra zapatista.

Frente a tal apoio, não correspondia menos que um esforço de tal magnitude.

Creio, cremos, que toda essa gente do México e do mundo pode e deve compartilhar como própria esta pequena alegria que hoje caminha com rosto indígena nas montanhas do sudeste mexicano.

Sabemos, sei, que não o esperam, nem o exigem, nem o demandam, mas como queira lhes mandamos um grande abraço, que assim é como os zapatistas, as zapatistas, agradecemos entre companheir@s (e de maneira especial abraçamos a quem sim souberam ser ninguém). Tal vez sem o propor a si, vocês foram e são, para todas/todos nós, a melhor escola. E sobra dizer que não deixaremos de esforçar-nos por conseguir que, sem importar seu calendário e sua geografia, responda sempre afirmativamente a pergunta de se vale a pena.

A todas (lamento-o desde o profundo da minha essência machista, mas as mulheres são maioria quantitativa e qualitativa), a todos: obrigado.

(…)

E, bom, existe de sombras a sombras.

E as mais anônimas e imperceptíveis são umas mulheres e homens de baixa estatura e de pele cor da terra. Deixaram tudo o que tinham, ainda que fosse pouco, e se converteram em guerreiras, em guerreiros. Em silencio e na escuridão contribuíram e contribuem, como ninguém mais, a que tudo isso seja possível.

E agora falo das insurgentes e dos insurgentes, minhas/meus companheir@s.

Vão e vem, vivem, lutam e morrem em silêncio, sem fazer bagunça, sem que ninguém, a não ser nós mesm@s os leve em conta. Não têm rosto nem vida própria. Seus nomes, suas histórias, tal vez somente venham à memória de alguém quando muitos calendários tenham desfolhado. Então, tal vez em volta de algum fogão, enquanto o café ferve em um velho bule de peltre e acende-se o fogo da palavra, alguém ou algo saúde sua memória.

E como queira não importará muito, porque do que se tratava, do que se trata, de que se tratou sempre, é contribuir em algo a construir essas palavras com que costumam começar os contos, as anedotas e as histórias, reais e fictícias, das zapatistas, dos zapatistas. Tal e como começou o que agora é uma realidade, é dizer, com um:

Era uma vez…”

Salve. Saúde e que não falte, nunca, nem o ouvido nem a olhada.

(já não continuará)

Em nome das mulheres, homens, crianças, idosos, insurgentas e insurgentes do

Exército Zapatista de Libertação Nacional.

Desde as montanhas do Sudeste Mexicano.

Subcomandante Insurgente Marcos.

México, Março de 2013.

P.S. QUE ANTECIPA.- Seguirão saindo escritos, não se alegre de antemão. Principalmente serão do companheiro Subcomandante Insurgente Moisés, referentes à escolinha: datas, lugares, convites, inscrições, propedêuticos, regramentos, níveis, uniforme, materiais escolares, qualificações, assessoria, onde conseguir os exames já resolvidos, etc. Mas se perguntam quantos níveis são e quanto tempo se chega à graduação, dizemos-lhe: nós levamos mais de 500 anos e mesmo assim não terminamos de aprender.

P.S. QUE DÁ UM CONSELHO PARA ASSISTIR A ESCOLINHA- Eduardo Galeano, um sábio na difícil arte de olhar e escutar, escreveu, no seu livro “Os Filhos dos Dias”, no calendário de março, o seguinte:

Carlos e Gugrun Lenkersdorf nasceram e viveram na Alemanha. No ano de 1973, esses ilustres professores chegaram ao México. E entraram em uma comunidade tojolabal, e apresentaram-se dizendo:

– Viemos aprender.

Os indígenas se calaram.

Logo, algum explicou o silêncio:

– É a primeira vez que alguém nos diz isso.

E aprendendo ficaram ali, Gudrun e Carlos, durante anos.

Da língua maia aprenderam que não existe hierarquia entre sujeito e objeto, porque eu bebo a água que me bebe e sou olhado por tudo o que olho, e aprenderam a cumprimentar assim:

– Eu sou outro você.

– Você é outro eu.”

Faça caso a Dom Galeano. Porque é sabendo olhar e escutar, como se aprende.

P.S. QUE EXPLICA ALGO DE CALENDÁRIOS E GEOGRAFIAS.- Dizem nossos mortos que se deve saber olhar e escutar tudo, mas que no sul sempre haverá uma riqueza especial. Como se deu conta quem pode ver os vídeos (não ficaram poucos no bolso, quem sabe em outra ocasião) que acompanharam os escritos desta série de “Eles e Nós”, tratamos de fiar diversos calendários e geografias, mas houve uma obstinação no nosso respeitado sul latino-americano. Não só pela Argentina e Uruguai, terras sábias em rebeldia, também porque, segundo nós, no povo Mapuche não somente existe dor e raiva, também inteireza na luta e uma profunda sabedoria para quem sabe olhar e escutar. Se há um rincão no mundo onde devemos estender pontes, é o território Mapuche. Por esse povo, e por tod@s @s desaparecid@s e pres@s deste dolorido continente, segue viva a memória. Porque não sei se do outro lado destas letras, mas sim deste lado: nem perdão, nem esquecimento!

P.S. SINTÉTICA.- Sim, o sabemos, este desafio não foi nem será fácil. Vêm grandes ameaças, golpes de todo tipo e de todos os lados. Assim foi e será nosso caminhar. Coisas terríveis e maravilhosas compõem nossa história. E assim será. Mas se nos perguntam como podemos resumir em uma palavra tudo: as dores, as insônias, as mortes que nos doem, os sacrifícios, o contínuo navegar contra a corrente, as solidões, as ausências, as perseguições e, sobretudo, este obstinado fazer memória daqueles que nos precederam e já não estão, então é algo que une todas as cores de abaixo e à esquerda, sem importar o calendário e a geografia. E, mais que uma palavra, é um grito:

Liberdade… Liberdade! LIBERDADE!

Vale de nuez.

El sup guardando o computador e caminhando, sempre caminhando.

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Um poema de Mario Benedetti (que responde a pergunta de porque, apesar de tudo, cantamos), musicalizada por Alberto Favero. Aqui na interpretação de Silvana Garre, Juan Carlos Baglietto, Nito Mestre. Nem perdão nem esquecimento!

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=g6TVm-MuhL8

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Camila Moreno interpreta “Da terra”, dedicado ao lutador Mapuche, Jaime Mendonza Collio, assassinado pelas costas por carabineiros.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=SSVgl8QE8L0

——————————

Mercedes Sosa, a nossa, a de tod@s, a de sempre, cantando, de Rafael Amor, “Coração Livre”. A mensagem é terrível e maravilhosa: jamais render-se.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=gwlii20ZZd8

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Traducción de Patricia desde Brasil.

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